terça-feira, 23 de abril de 2013

À milanesa [parte 2]: O dejavu italiano que me fez entender um ditado chinês e uma filosofia grega.

2012 era o ano em que segundo os Maias o mundo acabaria, e antes disso acontecer, meu namoro acabou (mas não meu mundo), felizmente em tempo de planejar uma viagem ... e nesse plano minha prima, que também era Maia, mas bem mais otimista que os seus antepassados, topou na hora a minha sugestão. Estávamos caminhando na bela itacoa quando eu alertei-a para o fato dela estar madura o suficiente para conhecer o velho continente, e comigo ela pegaria já tudo mastigado. Levamos a ideia até meu tio, o seu paitrocinador, e comigo de lobbista e responsável turístico dela, ele aceitou sem muita resistência. O meu plano era passar uma semana em Ibiza e outra na Croácia, mas com a entrada da minha prima na viagem, o roteiro foi alterado... ela, muito empolgada, queria conhecer todas as cidades do continente em apenas duas semanas, e uma de suas prioridades seria Milano, a Meca da Moda. Eu não tinha muito porquê voltar lá pelo terceiro ano seguido, mas não consegui dizer não ao ver os olhinhos dela brilhando quando descrevi as famosas Via Montenapoleone, Via Sant'Andrea, Via Vittorio Emanuelle, etc (repletas de boutiques e lojas de luxo). Além disso, essa cidade tem uma localização muito estratégica, além de seus aeroportos contarem com voos indo e vindo de todos os cantos do mundo, portanto ela não só nos serviria de destino, como trampolim para outras cidades. Como foi uma viagem muito corrida, só deu pra fazer o basicão por lá, mas o suficiente para Karla matar seu desejo milanês. Além disso, Milão fez parte do estabelecimento do meu novo recorde de número de países num mesmo dia: França, Mônaco, Itália, Espanha em menos de 24h... [o anterior havia sido estabelecido em 2008: Bélgica, Holanda e Inglaterra].O mundo não acabou e veio o ano de 2013, e, acreditem se quiser, aqui estou mais um dia, sob o olhar mercenário de uma Via. Estava sistematicamente sendo compelido a voltar à Croácia pelos meus amigos de lá, que ano passado e retrasado foram ao Brasil me visitar, e como ela é minha maior paixão européia (com Zagreb foi à primeira vista mesmo) tava começando a ceder, sem muito esforço, é bem verdade.Ocorre que quando fui revelar este plano a minha vó, ela fez uma cara de gato do shrek e me pediu: "poooxa Leonardinho, me leva à Milão meu netinho". Sem chances de dizer "não" né?! Minha vó já conhece mais de 50 países, inclusive a Itália, mas lá ela nunca foi, e por mais "avó" que ela seja, ela é elegantérrima e cheia de disposição pra rodar por aí, e quis fazer um upgrade nos passeios diários pela Moreira César, era hora de experimentar a Montenapoleone. A influência cósmica que Milão exerce na minha vida turística é tão bizarra que no momento em que eu estava imprimindo as nossas passagens de avião, meu telefone tocou, era Karla, e antes que ela dissesse "alô" eu falei que meu e-ticket para europa estava sendo processado pela impressora naquele instante, e que ela ter me ligado era um bom sinal. A empolgação dela foi ao céu em 2 segundos (e ao inferno em 1)... meu tio tava ao seu lado e deu a seguinte ordem: "manda Leo comprar a minha passagem e a da sua mãe, você fica no Brasil porque já viajou demais, bem mais que eu". O principal motivo seria a comemoração de 25 anos de casado deles dois, e eu seria o cicerone e candelabro de prata da ocasião.Já em solo milanês, as experiências foram se repetindo como um dejavu, e se renovando com novas companhias... como meu tio profetizou ao sairmos do hotel pela primeira vez: "Aqui é o seguinte, fecha o coração e abre o bolso!", e que bom que ele tinha essa consciência, porque na sua primeira passagem por aqui ele "teve" que levar presentes para minhas primas e minha tia, no ano seguinte ele mandou minha prima pra cá, o que representou um gasto igual ou maior, e dessa vez, coitado, ele não só veio com uma longa lista de presentes pras minhas primas, como trouxe minha tia, a grã-master em compras. Confesso que foi uma experiência inédita na minha vida (e espero que singular, porque se minha esposa vier a gastar assim, coitado de mim!), de qualquer maneira, foi bom pra aprender dançar a "tarantela milane$a". O $i$tema aqui é brutal, e exerce em você uma força oculta, nos faz gastar um dinheiro que não temos, para comprar coisas que não precisamos. Portanto cuidado, se realmente não puder e/ou não quiser gastar, não pratique o "window shopping", porém se quiser, vá de coração fechado e bolso aberto e aproveite, pois Milão tem compras para todos os gostos e orçamentos, podem apostar.Ter vindo a Milão me deu ainda a oportunidade de voltar, numa agradável viagem de trem, pela terceira vez à querida Firenze (Florença), cidade na qual eu já passei uma curta temporada estudando, e vivi um cotidiano muitíssimo bucólico e com gosto de um passado mais tranquilo de se viver.Existe um ditado chinês que diz o seguinte: "jamais volte a um lugar no qual você tenha sido feliz". Já Heráclito, filósofo pré-socrático, trouxe à tona a questão: "ningúem pode tomar banho duas vezes nas águas do mesmo rio", pois depois do primeiro mergulho, este alguém já não é a mesma pessoa, tal qual o rio já não é o mesmo rio... e cruzando estes dois pensamentos, chego a conclusão de que de fato não devemos querer voltar a um lugar esperando viver as mesmas emoções e alegrias que tivemos na visita anterior. Podemos voltar sim, mas com a ciência de que já não somos as mesmas pessoas, nem o lugar é o mesmo lugar, e principalmente, o tempo já não é o mais o mesmo. É sempre bom reviver os bons momentos passados, mas melhor ainda é ir em frente e criar novos tão bons quanto, porém cada um à sua maneira.Para isso, estou aberto a convites para aqui voltar pela quinta vez, e por que não, no quinto ano consecutivo... 2014 já já vai dobrar a esquina. Arrivederci Milano!!!Dicas:Hotel Cavour (Via Fatebenefratelli)Restaurante Grani & BraciLojas: Alcott, Bershka e La Rinascente(departamento)Turismo: Duomo, Castelo Sforzesco, Lago di Como, Museu Leonardo da Vinci, Teatro Scala













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