quarta-feira, 1 de maio de 2013

Kiss and fly, kiss and cry

Há 5 dias, minha vó em Veneza, hoje, meus tios em Paris, Esses foram os dois únicos pontos baixos da minha viagem: ter que me despedir deles. Eu sou péssimo com isso, e acho que nem no meu centésimo aniversário terei já aprendido.
O que é a vida senão a arte do encontro, que de forma resumida se inicia num "oi" e termina num "tchau"? Como é difícil esta segunda parte... e em se tratando de viagem ela se intensifica e multiplica. Se multiplica mais no caso de viajar sozinho, quando você faz muitas amizades em cada local que se vai, e a cada partida é uma sessão de "tchaus" sem saber quando dará "oi" novamente. Se intensifica no caso de viajar em amigos ou família, onde o convívio se aprofunda a tal ponto de burlar a privacidade e a individualidade de cada um. Contudo, no momento de dar tchau, só ficam as coisas boas, e os momentos ruins (que no meu caso foram nulos) apesar de abstratos, se esfarelam e viram poeira no ar.
A história dessa primeira parte da viagem, se desenhou quando, primeiramente, atendi a um pedido da minha vó, e num segundo momento, adicionei a comemoração de bodas de prata dos meus tios. Devido a minha experiência em viagens e know-how de internet, hoje ferramenta indispensável, fui eu a tomar a frente de TUDO. Em poucos momentos da minha vida me senti tão responsável por tudo, para todos, durante tanto tempo. Nunca tinha sentido alguém tão dependente de mim como senti nesses dias (nenhum deles falava italiano, grego, ou até mesmo inglês), e dessa vez foram logo 3 pessoas de uma vez só... acho que pela primeira vez na vida senti mais ou menos o que é ser pai.
E aí, quando você se vê mergulhado de cabeça numa experiência dessa, e sendo perfeccionista como sou, a minha vontade era de levar minha vó até a porta de sua casa, e meus tios até, pelo menos, os seus respectivos assentos no voo para o Rio. Mas infelizmente isso não foi possível, e tive que me contentar com as clássicas despedidas de aeroporto, e que do meu abraço em diante, Deus cuidasse dos passos deles. Da minha vó me despedi no aeroporto de Veneza, e conforme a barreira do raio-x ia se aproximando, meus olhos se enchiam de lágrimas e para adiantar aquele sofrimento eu fui apertando o passo. Até que finalmente ela me abraçou apertado, me agradeceu profundamente por aqueles dias e o nosso choro desceu. Quando ela chegou ao Rio, nos falamos por telefone e ela me contou toda orgulhosa sobre o seu desempenho ao fazer a conexão em Roma, mesmo eu não estando presente.
Com meus tios foi um pouco mais fácil e graças ao frenesi do aeroporto CDG de Paris, economizei alguns lencinhos de papel. O meu plano era deixá-los na porta do voo 444 para o Rio, para só então buscar o portão de embarque que me levaria, horas depois, para o meu próximo destino. Todavia, o voo deles era para fora da União Europeia, e exigia a passagem pelo controle de passaporte, diferentemente de mim. Sendo assim, nosso "beijo e tchau" se deu ali, de repente, e não deu tempo nem das lágrimas escorrerem. De lá segui meu caminho eu fui buscar o meu portão.
No aeroporto de Nice tem uma placa que diz o seguinte: Kiss and Fly, que indica para onde devem ir os carros de pessoas que iram embarcar, mas sem que o motorista estacione, o famoso "beijinho beijinho, tchau tchau"... no meu caso essa placa poderia dizer "kiss and fly, kiss and cry", pois em toda despedida que tiver como as duas que tive nos últimos 5 dias, com certeza eu vou chorar, mas não sem esquecer de sorrir pelas memórias que construímos e as gargalhadas que iremos dar ao relembrá-las quando juntos estivermos novamente.
A dica é essa meus caros, aproveite cada minuto com os seus companheiros de viagem, seja um novo amigo ou um parente, pois num piscar de olhos já será hora de dar tchau, e então, só ficarão as boas recordações e a saudade... trate de criar muitas delas.








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