quinta-feira, 18 de abril de 2013

1970, 1994, 2010... Tri do Brasil pra cima da Itália. Em 2013 a rivalidade se acirra.

Como planejado, nosso último dia em Roma foi dedicado aos meus dois monumentos favoritos da Itália e a discutir com taxistas. Ao pedir empolgadamente que o motorista nos levasse até Vittorio Emanuelle II, o monumento mais bonito da Europa, na minha opinião, fui contestado pelo próprio:
Ele: "nós italianos chamamos este monumento de "grande máquina de escrever", ele é muito feio!"... Uma vez que ele contestou a minha opinião, me vi no direito de treplicar: Eu: como assim "feio"??? A beleza e magnitude deste monumento está acima de qualquer opinião, não é algo que se discute".
Ele: "bruto! (feio)".
Minha vó tentou contemporizar dizendo que foi força de expressão dele, mas eu disse que a tradução ao pé da letra era "feio", sem mais.
Eu: "me parece que os italianos que construíram essa cidade davam muito mais valor a ela do que os romanos de hoje".
Ele: "é bonito, mas..."
O "é bonito" dele já me foi suficiente, e minha primeira discussão em italiano repleta de gestos foi bem sucedida, apesar da taquicardia provocada na minha vó.
De lá seguimos para o Anfiteatro Flavius, mais conhecido como Coliseu, onde fizemos uma visita audioguiada muito proveitosa. Essa é a dica em relação a este concorrido e lotado ponto turístico: por um adicional de 5€ você fura a fila honestamente e recebe um aparelho tipo um telefone sem fio que te da informações a respeito do local que você estiver situado dentro do coliseu (são 6 pontos chaves no total, além de informações históricas e de engenharia).
Todavia, para mim o ponto alto se deu ao sair de lá, foi quando eu pude voltar no tempo... Ao entrar no taxi, perguntei ao taxista se ele conhecia um campinho de futebol ali perto, ele disse que sim e que há muito tempo não passava por ali, e que se eu quisesse, poderiamos passar por lá, claro que aceitei e já digo o porquê.
Se trata do Campo di Calcio Colle Oppio, um campinho de terra batida para jogar futebol que fica praticamente colado no Coliseu, onde eu tive oportunidade de defender nossa pátria e fazer história.
Se te perguntarem entre quais seleções, onde e quando se deu a final da copa do mundo de 2010 certamente te responderão: Espanha x Holanda, Johannesburgo e julho de 2010. Mas essa resposta pode ser válida pro mundo todo, menos pra mim... Pois pra mim, ela foi entre Brasil e Itália, na campinho de Colle Oppio e ocorreu em agosto daquele mesmo ano. E no time do Brasil eu fui técnico, camisa 10, faixa no braço, chefe de torcida e presidente da república... Eu fui o BRASIL!!!
Melhor explicando: estava viajando Europa a dentro de trem, e em Roma estava sozinho. Após terminar meu grande tour romano pelo coliseu, me encaminhava para o albergue para tomar um banho e descansar nas minhas últimas horas na capital romana antes de pegar o trem pra Florença. Ao passar por ali e perceber uma movimentação de alguns jovens prestes a bater uma bola, não resisti e me ofereci pra jogar com eles, uns torceram o nariz, mas outros disseram "sim", principalmente ao dizer que era brasileiro, acho que se sentiram desafiados (e de fato estavam sendo).
Em suma: apito do juiz (um chute pro alto que eu mesmo dei) e começo de pelada! Meus amigos sabem que não sou um jogador extremamente habilidoso, mas correria e vigor físico é comigo, além de às vezes ter uns lampejos de craque, tipo fio maravilha, e marcar uns golaços. Definitivamente aquele era um desses dias, e minha atuação foi marcante, mesmo num jogo disputado e inflamado após a chegada de um ônibus repleto de loiras suecas que pararam na grade pra apreciar aquela exibição de futebol ítalo-brasileiro. O jogo terminou 3 x 2 para o Brasil, com 3 gols meus, e direito a coraçãozinho pras suecas e música no Fantástico (mundo da minha imaginação). Me perdoem o exagero meus amigos, mas aquilo pra mim foi sim uma final de copa do mundo, que eu orgulhosamente trouxe pro Brasil tal qual Pelé em 70 e Romário em 94. Ter voltado àquele mesmo campinho me trouxe uma nostalgia e uma alegria sem tamanho, me fez crer que aqueles momentos vividos há 3 anos por mais singelos, porém memoráveis e felizes que tenham sido, foram verdade e enquanto permanecerem vivos em minha memória serão tão atuais quanto o jornal de amanhã.
Saindo de lá, com os olhos marejados, entrei em mais uma disputa/discussão com taxistas... Dessa vez o tema foi cerveja, um assunto que domino pouco ou quase nada, mas quando eu tiver fortes argumentos, atravesse a rua. A questão é que meu tio está decepcionadíssimo com a temperatura da cerveja italiana, e me pediu que perguntasse a ele onde poderíamos beber uma cerveja GELADA. Em vez dele me ajudar, ele me contestou: "por que? Não acha gelada a cerveja que servimos aqui?"
Eu: "não!"
Ele: "4° não é gelado pra você? Você acha que tá quente por causa da diferença da temperatura ambiente e da cerveja"
Eu: "meu amigo, com todo respeito, no Brasil a temperatura passa dos 40° e lá se bebe cerveja a até -4°!!!"
Ele: "hahaha... A 0° a cerveja congela..."
Eu: "na na não, 0º é o ponto de solidificação da água, a da cerveja é outro."
Ele: "mas aí vai te dar indigestão..."
Nesse momento eu gargalhei e a discussão se encerrou depois de muito grito, ironia e principalmente gesto. Quando minha vó já tava quase chorando por achar que eu e o motorista estávamos prestes a nos estapear, nosso destino final chegou e eu e ele nos abraçamos e rimos daquilo, afinal de contas italiano fala (discute) assim mesmo: cheio de grito, gesto, e "ma che cazzo!", eu só dancei conforme a musica.
Um dia mais italiano que aquele seria impossível, e as boas memórias que ele me trouxe me deixaram com o sorriso frouxo pelo resto da tarde.

A taça do mundo é nossa, seja da
Copa, seja de cerveja, e com brasileiro não há quem possa!!!

Fotos de hoje e 2010:

















3 comentários:

  1. Boa Leo, o tempo de favoreveu em meu camarada. hahahaha
    Espero o novo post!
    Abc

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  2. Você é brasileiro e não desiste NUNCA. Brasil neles. kkkkk

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  3. Falou de Futebol, Cerveja e Mulheres, neste caso não cabe uma discussão . kkkkk

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