quarta-feira, 17 de abril de 2013

Comer, rezar e comer mais um pouco porque amar não tá fácil.

Desde que cheguei a Roma, há dois dias, me dediquei a duas coisas: comer e rezar. O incrível disso é que não sou comilão, tampouco tão religioso assim, mas as cidades têm essa capacidade de te mudar um pouco, ainda que momentaneamente.
Nosso avião chegou às 6:40am, e poucas horas depois já estávamos devidamente bem instalados no nosso hotel. Antes que o cansaço batesse, fomos a rua aproveitar o dia que se iniciava, e para nós ele se iniciou pelo menor Estado do mundo, O Vaticano. Eu que sou o guia do nosso pequeno grupo familiar fiz essa escolha seguindo a máxima americana de "first things first", e como a Piazza San Pietro ta mais na moda do que o Coliseu, pra lá fomos primeiro. E em relação a ela, vai a minha dica ambígua: caso você visite o vaticano pela manhã, contrate um guia que o abordará insistentemente assim que você saltar do taxi. Pelo seu serviço você pagará em torno de 20€ e com isso, além das boas explicações, você terá a regalia de não enfrentar as filas da basílica de San Pietro e da Capela Sistina, isso te poupará tempo e queimaduras solares. Agora, caso você vá mais a tarde e tenha mais tempo do que dinheiro, ignore os guias dizendo que "já tem reserva" e vá na fé (literalmente) conhecer a magnitude da San Pietro, que tem como ponto alto a Pietà (que só falta falar ou parlare como Michelangelo orgulhosamente a ordenou que fizesse assim que terminou sua obra de arte) e um altar de bronze de dimensões colossais. Depois vá ao museu do Vaticano que o lidará por exuberantes salas de arte até seu ponto alto: a Capela Sistina.
Feito esse mini retiro religioso, faça como eu e minha família fizemos: parta para o pecado! Pecado da gula!!! Procure uma das milhares de cantinas italianas e faça uma orgia gastronômica, abra o menu e peça tudo que te apetecer, com pelo menos um antipasti, um primo piati, um secondo piati, a sobremesa você pode abrir mão de comer no restaurante para se deliciar num gelato em alguma sorveteria qualquer. Obrigue cada pessoa sentada a mesa a fazer o mesmo. Quando os pratos começarem a chegar, todos necessariamente têm que provar uma garfada do prato de todo mundo. E isso regado a vinho!
[pausa para respirar e sentir o frenesi gustativo que sua língua deseja nesse momento]
Depois role até o hotel, cochile e ao acordar, já será hora de repetir a dose no jantar. Só não vale repetir os pratos nem o restaurante, tem que experimentar algo novo.
Na manhã seguinte você tem que voltar ao Vaticano e pedir a Deus que não te castigue por tamanha gula. Se for uma quarta-feira, melhor pra você, assim como foi pra mim, pois você receberá a benção, ao vivo e a cores, no seu idioma, do papa pop Francisco. Brincadeiras a parte, é indescritível a sensação de desembarcar do taxi diante da San Pietro numa manhã de quarta-feira, independente do nível do sua devoção. Primeiramente nenhum guia te abordará, o que já te trará uma grande paz interior, após isso, você perceberá uma imensa massa de gente, bandeiras flamulando como se estivessem numa copa do mundo, telões exibindo o papa, bispos e sacerdotes, e se quando a voz do mais novo bom velhinho chegar aos seus ouvidos não tocar seu coração e seus olhos marejarem, você tá meio morto ou bem encrencado quando chegar ao purgatório. Mais uma vez deixando o julgamento de lado (ou pra depois pro próprio bom Deus fazer), é divina aquela sensação de estar no meio de uma massa de positividade, amor e fé. Minha tia se debulhou em lágrimas, o que me fez ter ainda mais certeza de ter escolhido o programa certo para a manhã.
A tarde, adivinhem, voltamos para o pecado da gula, depois o da luxúria, afinal estando com duas mulheres numa viagem, não é possível mantê-las distante das vitrines por mais de 24h., eu e meu tio já estávamos quase orquestrando um milagre, e se o tivesse feito, ia aproveitar minha proximidade ao Vaticano e iria lá requerer nossa beatificação.
À noite mais uma orgia gastronômica e amanhã Deus que nos perdoem, mas vamos ao Coliseu, pois vir a Roma e não visitá-lo é quase tão esdruchulo quanto vir a Roma e não ver o papa.

Obs: amar aqui só se for o amor a Deus ou o amor que uma criança sente por um pedaço de bolo. "Julia Roberts" é coisa de cinema.

Sugestões:
Hotel Borgognoni (fontana di trevi)
Restaurante Il Piccolo Bucco
Restaurante Naná
Restaurante Terra di Siena
Gelateria San Crispino















9 comentários:

  1. Show a sua viagem (e o seu relato também). beijão Leo.

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  2. Um post melhor que o outro. To amando! Divirtam-se!! =)

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  3. Tô viajando junto com você. E planejando o dia em que faremos juntos! Continue nos deliciando com seus relatos.

    Um beijo

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  4. Como sempre, estou junta e misturada. Amando. Na sua volta mandaremos seu Curriculum Vitae para: TV GLOBO, JORNAIS, ASSESSORIAS ARTÍSTICAS, etc...
    Parabéns, meu orgulho e amor maior. Bjos

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  5. Está mais completo e bem melhor redigido que os "manuais de viagens" das operadoras brasileiras. Valeu!!!!!!

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  6. Leo, que delicia ler o seu blog! Deu pra imaginar direitinho cada momento da viagem!

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Vontade de engordar na italia!! ainda bem que o amor é esse, já me disseram que gostavam de mim igual criança gorda gosta d bolo ;). Parabéns pelo blog, você está escrevendo muitíssimo bem! orgulho!! beijinhos. Malu.

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